O
Uraguai
José
Basílio da Gama
O
Uraguai, poema épico de 1769, critica drasticamente os jesuítas,
antigos mestres do autor Basílio da Gama. Ele alega que os jesuítas
apenas defendiam os direitos dos índios para ser eles mesmos seus
senhores. O enredo em si, é a luta dos portugueses e espanhóis
contra os índios e os jesuítas dos Sete Povos das Missões. De
acordo com o tratado de Madrid, Portugal e Espanha fariam uma troca
de terras no sul do país: Sete Povos das Missões para os espanhóis,
e Sacramento para os portugueses. Os nativos locais recusam-se a
sair de suas terras, travando uma guerra. Foi escrito em versos
brancos decassílabos, sem divisão de estrofes e divididos em cinco
cantos, e por muitos autores, foi o início do Romantismo.
No
Canto I, o poeta apresenta já o campo de batalha coberto de destroços
e de cadáveres, principalmente de indígenas, e, voltando no tempo,
apresenta um desfile do exército luso - espanhol, comandado por
Gomes Freire de Andrada.
No
Canto II, relata o encontro entre os caciques Cepê e Cacambo e o
comandante português. Gomes Freire de Andrada à margem do rio
Uruguai. O acordo é impossível porque os jesuítas
portugueses se negavam a aceitar a nacionalidade espanhola. Ocorre
então o combate entre os índios e as tropas luso-espanholas. Os índios
lutam valentemente, mas são vencidos pelas armas de fogo dos
europeus. Cepé morre em combate. Cacambo comanda a retirada.
No
Canto III, o falecido Cepê aparece em sonho a Cacambo sugerindo o
incêndio do acampamento inimigo. Cacambo aproveita a sugestão de
Cepé com sucesso. Na volta da missão Cacambo é traiçoeiramente
assassinado por ordem do jesuíta Balda, o vilão da história, que
deseja tornar seu filho Baldeta cacique, em lugar de Cacambo.
Observa-se aqui uma forte crítica aos jesuítas.
No
Canto IV, o poeta apresenta a marcha das forças luso-espanholas
sobre a aldeia dos índios, onde se prepara o casamento de Baldeta e
Lindóia. A moça, entretanto, prefere a morte. O poema apresenta
então um trecho lírico de rara beleza:
"Inda
conserva o pálido semblante
Um
não sei que de magoado e triste
Que
os corações mais duros enternece,
Tanto
era bela no seu rosto a morte!"
Com
a chegada das tropas de Gomes Freire, os índios se retiram após
queimarem a aldeia.
No
Canto V, o poeta expressa suas opiniões a respeito dos jesuítas,
colocando-os como responsáveis pelo massacre dos índios pelas
tropas luso -espanholas. Eram opiniões que agradavam ao Marquês de
Pombal, o todo poderoso ministro de D. José I. Nesse mesmo canto
ainda aparece a homenagem ao general Gomes Freire de Andrada que
respeita e protege os índios sobreviventes.
Convém ressaltar que O Uraguai, além das características árcades,
já apresenta, algumas tendências românticas na descrição da
natureza brasileira. |