O
quinze
Raquel
de Queiroz
A
autora fala sobre a seca de 1915. Descreveu alguns aspetos da vida
do interior cearense durante um dos períodos mais dramáticos que o
povo atravessou, onde tudo era devastado por um sol impiedoso.
O
enredo é interessante, dramático, mostrando a realidade do
Nordeste brasileiro. No interior do Ceará, na fazenda Logradouro,
perto de Quixadá, Conceição fora passar suas férias com a avó,
que chamava de mãe Nácia. Conceição não chegou em um momento
muito feliz, pois a seca estava forte, matando a vegetação e os
animais. Vicente, seu primo, que morava com seus pais e suas irmãs
em outra fazenda, fazia esforços sobre-humanos para que o gado
conseguisse passar pela seca sem que fosse preciso soltá-lo para
que morresse longe, como muitos fazendeiros faziam, devido ao
desespero. Eles se amavam, mas Conceição estava em dúvida, pois
estava acostumada na cidade, havia estudado e Vicente não passava
de um fazendeiro semi-analfabeto.
Como
não chovia, nem com todas as rezas e pedidos feitos do fundo do
coração daquele povo desesperado, Conceição e sua avó foram
para a cidade, deixando a fazenda. Na cidade, ela ajudava as famílias
que chegavam do interior quase mortas, com fome, doentes e sem
trabalho, crianças esqueléticas que causavam até horror.
No
Campo de Concentração, Conceição reconhecia muitas famílias,
que moravam perto da fazenda de sua avó; um dia reconheceu seu
compadre Chico Bento e sua família, que depois do desespero passado
conseguira chegar à cidade; um dos filhos morreu envenenado, o
outro desapareceu, sua mulher e o filho mais novo em estado lastimável.
Conceição com muita pena, depois de ajudá-los, ficou com seu
afilhado, que estava muito doente; tratou-o com carinho e conseguiu
que ele se salvasse. Depois de muito desespero, muita fome, crimes
cometidos, muito horror, choveu no Ceará. |