O
Ateneu
Raul
Pompéia
Chamado
pelo autor de “Crônica de saudades”, O Ateneu, no entanto,
ultrapassa essa dimensão auto biográfica por sua qualidade literária.
Classifica-se como um “romance de formação”, isto é, um
romance que narra a passagem da mente infantil para a adulta, e tem
como mola propulsora, como fio de meada, a memória de Sérgio, o
narrador-personagem.
Já adulto, ele relata os episódios emocionalmente mais
marcantes, mais traumatizantes, ocorridos ao longo dos dois anos em
que foi aluno do Ateneu.
Tendo por tema central o drama da solidão, o desajuste do
indivíduo num ambiente que lhe é hostil. O Ateneu compõe-se de
doze capítulos que se assemelham a uma sucessão de quadros, não
subordinados necessariamente entre si. Mais do que relatar episódios
acontecimentos ou ações, tais quadros relatam as impressões, as
sensações que deixaram na alma Sérgio, seja em suas tentativas inúteis
e mal-sucedidas de encontrar amigos, seja no amor platônico que
dedica a Ema, a esposa de Aristarco.
Essas duas faces da obra – a de desenvolvimento do interior
do narrador-personagem e a de denúncia de todo um sistema educativo
– são exemplos de como se reúnem tendências literárias
opostas, pode-se dizer conflitantes: de um lado a tendência
impressionista (e podemos acrescentar expressionista, simbolista, na
medida em que convivem) e, de outro, uma tese a ser defendida, bem
à moda naturalista. |