Marília
de Dirceu
Tomáz
Antônio Gonzaga
Esta
é uma obra pré-romântica; o autor idealiza sua amada e
supervaloriza o amor, mas é árcade em todas as outras características.
Existe também preocupação com forma. A primeira das três partes
de Marília de Dirceu é dividida em 33 liras. Nela, o autor canta a
beleza de sua "pastora" "Marília" (na verdade,
Maria Dorotéia Joaquina de Seixas). Descreve sempre apenas sua
beleza (que compara a de Afrodite) e nunca sua psique; usa de várias
figuras mitológicas; os refrães de cada lira apresentam estruturas
semelhantes, mas diferentes de lira para lira. O autor também se
dirige a seus amigos "Glauceste" e "Alceu" (Cláudio
Manuel da Costa e Alvarenga Peixoto), seus "colegas
pastores" (os três foram, em algum momento, juizes).
O
bucolismo nesta parte da obra é extremo, com referências
permanentes ao campo e à vida pastoril idealizada pelos árcades. A
segunda parte é dividida em 37 liras. Tomás Antônio Gonzaga
escreveu esta parte na prisão, após ser preso em 1789. Nela o
bucolismo é diminuído, mas a adoração a Marília continua. Nesta
parte existe a angústia da separação e o sentimento de ter sido
injuriado (as acusações eram falsas e mentirosas). Isto tudo
aumenta a declarada paixão por Marília. Aparece também a angústia
da separação que sofreu com seu amigo "Glauceste". (Tomás
Antônio Gonzaga estava em regime de incomunicabilidade e não sabia
do suicídio de Cláudio Manuel da Costa.) A terceira parte não
possui apenas suas 8 liras; tem também sonetos e outras formas de
poesia. Mas apenas as 8 liras possuem referências a Marília;
quando elas acabam começam a aparecer outras poesias de
"Dirceu", visto que não escreveu após o degredo. |