“I
– Juca Pirama”
Gonçalves
Dias
Um
índio tupi conduzia seu pai, um velho cego, pelas matas. Procurando
caça para se alimentarem, foi aprisionado pelos timbiras. Quando se
iniciava os festim em que seria morto e devorado, o índio tupi,
lembrando-se do pai abandonado na mata, pediu, entre lágrimas, que
o libertassem, sob a condição de retornar quando o velho não mais
existisse. O chefe timbira ordenou então que o soltassem, dizendo
que não queria “com carne vil enfraquecer os fortes”. Seu
pranto era tomado como covardia diante da morte. O jovem tupi foi
solto, mas o pai obrigou-o a retornar à taba timbira para pedir,
ele mesmo, a morte do filho.
O discurso do velho tupi, no canto VIII, é a parte mais bela
e mais impressionante do poema. Revoltado com as palavras do pai,
que o acusava de covarde, o moço atirou-se à luta com tal bravura,
que o chefe timbira reconheceu sua coragem e seu direito a morrer
como um forte. |