“I – Juca Pirama”

Gonçalves Dias

 

Um índio tupi conduzia seu pai, um velho cego, pelas matas. Procurando caça para se alimentarem, foi aprisionado pelos timbiras. Quando se iniciava os festim em que seria morto e devorado, o índio tupi, lembrando-se do pai abandonado na mata, pediu, entre lágrimas, que o libertassem, sob a condição de retornar quando o velho não mais existisse. O chefe timbira ordenou então que o soltassem, dizendo que não queria “com carne vil enfraquecer os fortes”. Seu pranto era tomado como covardia diante da morte. O jovem tupi foi solto, mas o pai obrigou-o a retornar à taba timbira para pedir, ele mesmo, a morte do filho.

            O discurso do velho tupi, no canto VIII, é a parte mais bela e mais impressionante do poema. Revoltado com as palavras do pai, que o acusava de covarde, o moço atirou-se à luta com tal bravura, que o chefe timbira reconheceu sua coragem e seu direito a morrer como um forte.    

Visualizado em 800 x 600          © Copyright 2002          Todos os direitos reservados