UMA
PROCLAMAÇÃO
"Corajosos
Paraenses, valentes defensores da Pátria e da Liberdade! Depois de
nove dias de fogo mortífero com outras tantas noites, estamos
senhores da formosa Belém, capital da província! Os dois
estrangeiros Manuel Jorge Rodrigues e João Taylor lá se vão de
fugida e duma maneira vergonhosa: o primeiro à frente de seus
aguerridos e briosos batalhões de voluntários, e o segundo à
frente de sua esquadra de intrépidos marinheiros! Esta cidade, que
ainda há poucos dias era governada por um presidente rebelde,
apresentava um quadro risonho e encantador. Girava o comércio,
funcionavam todas as repartições públicas, havia sossego, paz e
ordem. Hoje o que vemos nós? Com dor o digo, esta tão bela cidade,
tão cheia de encantos, está reduzida a um montão de ruínas! Para
todas as partes, onde lançamos as nossas vistas, só vemos a imagem
da dor e da tristeza!
"Amados
patrícios! Seremos nós os responsáveis perante Deus por tantos
males que hoje pesam sobre o Pará? Certamente que não. Os dois
monstros e fugitivos estrangeiros Jorge e Tayior serão os únicos
responsáveis diante do Ser Supremo e perante a história, pelas
grandes desgraças que hoje pesam sobre a inocente família
paraense! Amparo e proteção para milhares de famílias inocentes,
que neste momento estão sob nossa guarda! Seja cada um de vós um
pai, um protetor da inocência desvalida! Procedendo assim bem
teremos merecido da pátria e das gerações futuras.
"Meus
amados patrícios! Eu vos afiancei que o infame e opressor jugo
estrangeiro havia de cair por terra e que seríamos os vencedores.
Realizaram-se os meus bons desejos e gratas esperanças. Vós sois
dignos do nome paraense! Vós todos, soldados da liberdade, estais
coberto de glória pelo vosso patriotismo, valor e constância! Os
nossos inimigos são os primeiros a confessar o vosso valor e
heroismo! Nos combates desesperados que sustentamos, eu fui o que
menos fiz: porém sempre me achei ao vosso lado e onde havia perigo.
Era um dever de honra a cumprir. A nossa obra ainda não está
concluída, ainda resta muito a fazer. Antes de tudo, peço-vos que
modereis o vosso ardor guerreiro, e amanhã ou depois teremos que
aclamar um presidente que mereça a nossa estima, confiança e
respeito. Dignos chefes de todas as colunas, vós todos sois
merecedores dos maiores louvores e elogios pelo vosso valor, firmeza
de caráter e lealdade. Vivam os descendentes dos Ajuricabas e Anagaíbas!
Vivam os paraenses livres! Viva o Pará!" |