O
poeta Tomás Antônio Gonzaga, patrono da cadeira nº 37 da
Academia Brasileira de Letras, nasceu na cidade do Porto, em
Portugal, a 11 de agosto de 1744 e faleceu na Ilha de Moçambique,
onde cumprira pena de degredo, em fevereiro de 1810.
Era
filho do brasileiro Dr. João Bernardo Gonzaga e de D. Tomásia
Isabel Clark. Passou alguns anos da infância no Recife e na
Bahia onde o pai servia na magistratura e, adolescente,
retornou a Portugal a fim de completar os estudos,
matriculando-se na Universidade de Coimbra na qual concluiu
o curso de Direito aos 24 anos.
Depois
de formado exerceu Gonzaga alguns cargos de natureza jurídica,
já tendo advogado em várias causas na cidade do Porto.
Candidatou-se a uma Cadeira na Universidade de Coimbra,
apresentando uma tese intitulada "Tratado de Direito
Natural". Em 1778 foi nomeado juiz-de-fora na cidade de
Beja, com exercício até 1781. No ano seguinte é indicado
para ocupar o cargo de Ouvidor Geral na comarca de Vila Rica
(Ouro Preto), na Capitania de Minas Gerais.
A
permanência em Vila Rica estendeu-se até o ano de 1789,
quando foi envolvido na famosa Inconfidência Mineira. Em
maio do referido ano, acusado de participação na conspiração
é detido e, sem maiores formalidades, remetido preso para o
Rio de Janeiro.
Nessa
ocasião estava o poeta noivo de Maria Dorotéia Joaquina de
Seixas, jovem pertencente a uma das principais famílias da
capital mineira, e a quem dedicava poesias do mais
requintado sabor clássico, que iriam fazer parte do livro
intitulado "Marília de Dirceu" cuja primeira
parte foi publicada em Lisboa, pela Impressão Régia, no
ano de 1792.
A
obra poética de Tomás Antônio Gonzaga é relativamente
pequena mas suas liras tiveram dezenas de edições.
Segundo
as mais abalisadas pesquisas de natureza estilística e histórica,
deve-se ao infortunado Ouvidor de Vila Rica a autoria da
famosa sátira "Cartas Chilenas", só editadas, em
forma impressa, no Segundo Reinado. Continham elas uma coleção
notável de versos cáusticos, em que era posto em ridículo
Luís da Cunha Meneses, Governador e Capitão-General de
Minas Gerais, na década de 1780.
Na
Ilha de Moçambique, para onde foi levado Gonzaga, em
virtude de sua condição no processo da Conjuração
mineira, casou-se o desventurado vate com Juliana de Sousa
Mascarenhas, de quem houve um casal de filhos, cujos
descendentes remotos ainda vivem na antiga colônia
portuguesa.
Quanto
ao "Tratado de Direito Natural", já teve edição
a cargo do Instituto Nacional do Livro.
Castro
Alves deu a uma de suas produções em prosa o título de
"Gonzaga, ou a Revolução de Minas", drama
representado no Brasil, ainda em vida do autor, interpretado
no principal papel feminino pela artista portuguesa Eugênia
Câmara, uma das musas do poeta. |