Mário
de Ascençao Palmério, professor, educador, político e
romancista, nasceu em Monte Carmelo, MG, em 1o de março de
1916, e faleceu em Uberaba, MG, em 24 de setembro de 1996.
Foi eleito para a Cadeira n. 2, sucedendo a Guimarães Rosa,
em 4 de abril de 1968, e recebido em 22 de novembro de 1968,
pelo acadêmico Cândido Mota Filho.
Filho
de Dr. Francisco Palmério e de D. Maria da Glória Palmério.
Engenheiro civil e advogado, o Dr. Francisco Palmério foi
homem de cultura e de largo prestígio em toda a região
triangulina, exercendo, nos últimos anos de sua vida, o
cargo de Juiz de Direito nas várias comarcas do Estado,
tendo falecido em Uberaba aos oitenta anos de idade. Mário
Palmério fez seus estudos secundários no Colégio
Diocesano de Uberaba e no Colégio Regina Pacis, de
Araguari, licenciando-se em 1933. Em 1935, matriculou-se na
Escola Militar de Realengo, no Rio, de onde se desligou, no
ano seguinte, por motivos de saúde. Em 1936, ingressou no
Banco Hipotecário e Agrícola de Minas Gerais, sendo
designado para servir na sucursal de São Paulo.
Na
capital paulista, iniciou-se no magistério secundário,
como professor de Matemática no Colégio Pan-Americano,
estabelecimento de ensino então mantido pela Escola
Paulista de Medicina. Passando a lecionar em outros
estabelecimentos, pouco tempo depois Mário Palmério
dedicava-se exclusivamente ao magistério. Em 1939,
matriculou-se na seção de Matemática da Faculdade de
Filosofia da Universidade de São Paulo, época em que
passou a lecionar também no Colégio Universitário da
Escola Politécnica, por nomeação do Governo daquele
Estado.
Seu
destino seria, entretanto, realizar obra educacional de
maiores proporções e, atraído pelo extraordinário
progresso que alcançava Uberaba e toda a região
triangulina, em virtude do desenvolvimento de sua pecuária
de gado indiano, Mário Palmério deixou São Paulo para
abrir naquela cidade mineira o Liceu do Triângulo Mineiro.
Em
1945, construiu imponente conjunto de edifícios, na cidade
de Uberaba, para sede do Colégio do Triângulo Mineiro e da
Escola Técnica de Comércio do Triângulo Mineiro, e visava
já à criação da primeira escola superior a instalar-se
na região. Em 1947, o Governo Federal autorizou o
funcionamento da Faculdade de Odontologia do Triângulo
Mineiro, fundada por Mário Palmério, primeiro passo para a
transformação de Uberaba em cidade universitária.
No
Triângulo Mineiro, Mário Palmério fundou, em 1950, a
Faculdade de Direito e, em 1953, a Faculdade de Medicina.
Por essa época exercia o mandato de deputado federal por
Minas Gerais, tendo sido eleito em 1950 na legenda do
Partido Trabalhista Brasileiro. Suas atividades
desdobraram-se assim em dois setores importantes, o
educacional e o da representação parlamentar. Em ambos,
seu trabalho foi produtivo.
Na
Câmara dos Deputados exerceu a Vice-Presidência da Comissão
de Educação e Cultura durante todo o seu primeiro mandato
(1950-1954). Reeleito em 1954, passou a integrar a Comissão
de Orçamento e a Mesa da Câmara. Por indicação do
Presidente da Câmara dos Deputados, matriculou-se, em 1955,
na Escola Superior de Guerra, onde concluiu o Curso Superior
de Guerra. O exercício de seu mandato e suas outras
atividades no Rio de Janeiro não impediram, entretanto, seu
trabalho educacional em Uberaba, e Mário Palmério fundou,
em 1956, a Escola de Engenharia do Triângulo Mineiro.
A
exemplo de Graciliano Ramos, estréia na vida literária não
propriamente tarde, mas a meio caminho: só aos 40 anos
aparece seu primeiro livro, fruto quarentão de aventura
intelectual cujo propósito era bem outro, isto é, a política.
"Vila dos confins nasceu relatório, cresceu crônica e
acabou romance...", segundo confessa o próprio autor.
Educador,
político, literato, todo o trabalho nesses três largos
campos de atividade ele realizou inspirado pelo amor à sua
terra e à sua gente. A mesma inspiração levou-o a
prosseguir, a tentar novas e fecundas iniciativas. Construiu
em Uberaba a Cidade Universitária em terreno de área
superior a 300.000 metros quadrados, e o Hospital "Mário
Palmério", da Associação de Combate ao Câncer do
Brasil Central, maior nosocômio em todo o interior do
Brasil.
Candidatando-se
novamente, em 1958, Mário Palmério reelegeu-se, pela
terceira vez - e agora com mais expressiva votação -
deputado federal por Minas Gerais. Em setembro de 1962,
desejoso de afastar-se das lides partidárias, foi nomeado
pelo Presidente João Goulart para o cargo de Embaixador do
Brasil junto ao Governo do Paraguai. Assumiu o posto em 10
de outubro do mesmo ano.
Permaneceu
nessa missão até abril de 1964; sua passagem pelo
Paraguai, na condição de Embaixador do Brasil, foi marcada
por intenso trabalho, destacando-se a reforma e reinstalação
do edifício da Embaixada, a conclusão das obras do Colégio
Experimental - doado ao Paraguai pelo Governo Brasileiro - e
da Ponte Internacional de Foz do Iguaçu, e a instalação
em novo edifício, amplo e central, do Serviço de Expansão
e Propaganda, Missão Cultural e Consulado. Dando ênfase às
atividades culturais e artísticas, Mário Palmério
integrou-se admiravelmente no seio da intelectualidade
paraguaia, estreitando-se assim, mais ainda e de forma
duradoura, os laços de compreensão e amizade entre os dois
países.
De
regresso ao Brasil, Mário Palmério reencetou suas
atividades literárias. Isolando-se em fazenda de sua
propriedade, no sertão sudoeste de Mato Grosso - a Fazenda
São José do Cangalha - escreveu Chapadão do Bugre,
romance para o qual vinha colhendo, desde o êxito de Vila
dos confins, abundante material lingüístico e de costumes
regionais, e que recebeu de toda crítica os mais rasgados
elogios. Lançado em outubro de 1966, o romance teve inúmeras
edições.
Durante
vários anos viajou de barco pelo rio Amazonas e seus
afluentes, levantando dados sobre a realidade física,
social e cultural da Região Amazônica. Em 1987, deixou de
vez o Amazonas e voltou a morar em Uberaba, como Presidente
das Faculdades Integradas daquela cidade. Em 1988, recebeu a
medalha Santos Dumont, conferida pelo Ministério da Aeronáutica.
Mário
Palmério era casado com D. Cecília Arantes Palmério. Teve
dois filhos: Marcelo e Marília. |