José
Lins do Rego, jornalista, romancista, cronista e
memorialista, nasceu no Engenho Corredor, Pilar, PB, em 3 de
julho de 1901, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 12 de
setembro de 1957. Eleito em 15 de setembro de 1955 para a
Cadeira n. 25, na sucessão de Ataulfo de Paiva, foi
recebido em 15 de dezembro de 1956, pelo acadêmico Austregésilo
de Athayde.
Filho
de João do Rego Cavalcanti e de Amélia Lins Cavalcanti,
fez as primeiras letras no Colégio de Itabaiana, PB, no
Instituto N. S. do Carmo e no Colégio Diocesano Pio X de João
Pessoa. Depois estudou no Colégio Carneiro Leão e Osvaldo
Cruz, em Recife. Desde esse tempo revelaram-se seus pendores
literários. É de 1916, por exemplo, o primeiro contato com
O Ateneu, de Raul Pompéia. Em 1918, aos 17 anos portanto,
José Lins travou conhecimento com Machado de Assis, através
do Dom Casmurro. Desde a infância, já trazia consigo
outras raízes, do sangue e da terra, que vinham de seus
pais, passando de geração em geração por outros homens e
mulheres sempre ligados ao mundo rural do Nordeste açucareiro,
às senzalas e aos negros rebanhos humanos que a escravidão
foi formando.
Passou
a colaborar no Jornal do Recife. Em 1922 fundou o semanário
Dom Casmurro. Formou-se em 1923 na Faculdade de Direito do
Recife. Durante o curso, ampliou seus contatos com o meio
literário pernambucano, tornando-se amigo de José Américo
de Almeida, Osório Borba, Luís Delgado, Aníbal Fernandes,
e outros. Gilberto Freyre, voltando em 1923 de uma longa
temporada de estudos universitários nos Estados Unidos,
marcou uma nova fase de influências no espírito de José
Lins, através das idéias novas sobre a formação social
brasileira.
Ingressou
no Ministério Público como promotor em Manhuçu, MG, em
1925, onde entretanto não se demorou. Casado em 1824 com d.
Filomena (Naná) Masa Lins do Rego, transferiu-se em 1926
para a capital de Alagoas, onde passou a exercer as funções
de fiscal de bancos, até 1930, e fiscal de consumo, de 1931
a 1935. Em Maceió, tornou-se colaborador do Jornal de
Alagoas e passou a fazer parte do grupo de Graciliano Ramos,
Rachel de Queiroz, Aurélio Buarque de Holanda, Jorge de
Lima, Valdemar Cavalcanti, Aloísio Branco, Carlos Paurílio
e outros. Ali publicou o seu primeiro livro, Menino de
engenho (1932), chave de uma obra que se revelou de importância
fundamental na história do moderno romance brasileiro. Além
das opiniões elogiosas da crítica, sobretudo de João
Ribeiro, o livro mereceu o Prêmio da Fundação Graça
Aranha. Em 1933, publicou Doidinho, o segundo livro do
"Ciclo da Cana-de-Açúcar".
Em
1935, já nomeado fiscal do imposto de consumo, José Lins
do Rego transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde passou a
residir. Integrando-se plenamente no ambiente carioca,
continuou a fazer jornalismo, colaborando em vários jornais
com crônicas diárias. Foi secretário geral da Confederação
Brasileira de Desportos de 1942 a 1954. Revelou-se, então,
por essa época, a faceta esportiva de sua personalidade,
sofrendo e vivendo as paixões desencadeadas pelo futebol, o
esporte de sua predileção.
Romancista
da decadência dos senhores de engenho, sua obra baseia-se
quase toda em memórias e reminiscências. Seus romances
levantam todo um sistema econômico de origem patriarcal,
com o trabalho semi-escravo do eito, ao lado de outro
aspecto importante da vida nordestina, ou seja, o cangaço e
o misticismo. O autor destacou como desejaria que a sua obra
romanesca fosse dividida: Ciclo da cana-de-açúcar: Menino
de engenho, Doidinho, Bangüê, Fogo morto e Usina; Ciclo da
cangaço, misticismo e seca: Pedra Bonita e Cangaceiros;
Obras independentes: a) com ligações nos dois ciclos:
Moleque Ricardo, Pureza, Riacho Doce; b) desligadas dos
ciclos: Água-mãe e Eurídice.
Prêmios
recebidos: Prêmio da Fundação Graça Aranha, pelo romance
Menino de engenho (1932); Prêmio Felipe d’Oliveira, pelo
romance Água-mãe (1941), e Prêmio Fábio Prado, pelo
romance Eurídice (1947). |