Jorge
Mateus de Lima nasceu em União dos Palmares (AL), em 1895.
Fez estudos secundários e iniciou o curso de Medicina em
Salvador, concluindo-o no Rio de Janeiro. Retornando ao
estado natal, fez carreira na medicina e na política. Volta
ao Rio em caráter definitivo na década de 30. Além de
poeta - atividade que projetou seu nome - foi pintor, fotógrafo
e ensaísta. Morreu no Rio de Janeiro, em 1953.
A
obra de Jorge de Lima apresenta múltiplas facetas. A temática
de suas principais obras poéticas pode ser assim
resumida:
a)
XIV alexandrinos apresenta versos ainda ligados ao
Parnasianismo. Nesse livro aparece o poema "O acendedor
de Lampiões", de grande aceitação popular.
b)
O mundo do menino impossível e Poemas registram recordações
da infância ao lado de poemas de cunho regionalista.
c)
Novos poemas tem o negro e o folclore como assuntos
principais. O poema analisado - "Essa negra Fulô"
- está neste livro.
d)
Tempo e eternidade, obra em que Jorge de Lima contribuiu com
45 poemas, aponta na religião a solução para uma
realidade injusta, conturbada e excessivamente materialista.
e)
Poemas negros, de 1947, reúne dezesseis poemas já editados
em livros anteriores e 23 novos poemas, estes apresentando,
através de deuses africanos, uma espécie de história do
negro no Brasil.
f)
Invenção de Orfeu é um longo poema que procura
interpretar simbolicamente a ligação entre o homem e o
universo. Nessa obra o poeta utiliza fragmentos de epopéias
clássicas, como a Divina comédia, a Eneida e Os Lusíadas,
ou ainda O paraíso perdido e a própria Bíblia. Ligando
trechos dessas obras através do processo da colagem, Jorge
de Lima produziu um poema de linguagem extremamente
complexa, de compreensão difícil para quem não conhece as
obras de onde foram extraídos os fragmentos que compõem o
poema. |