Jorge
Amado, jornalista, romancista e memorialista, nasceu na
Fazenda Auricídia, em Ferradas, Itabuna, BA, e faleceu na
Bahia, em 2001. Eleito em 6 de abril de 1961 para a Cadeira
n. 23, na sucessão de Otávio Mangabeira, foi recebido em
17 de julho de 1961 pelo acadêmico R. Magalhães Júnior.
Filho
do Cel. João Amado de Faria e de D. Eulália Leal Amado.
Com um ano de idade, foi para Ilhéus, onde passou a infância
e aprendeu as primeiras letras. Cursou o secundário no Colégio
Antônio Vieira e no Ginásio Ipiranga, em Salvador —
cidade que costuma chamar Bahia — onde viveu, livre e
misturado com o povo, os anos da adolescência, tomando
conhecimento da vida popular que iria marcar
fundamentalmente sua obra de romancista. Fez os estudos
universitários no Rio de Janeiro, na Faculdade de Direito,
pela qual é bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais
(1935), não tendo, no entanto, jamais exercido a advocacia.
Aos
14 anos, na Bahia, começou a trabalhar em jornais e a
participar da vida literária, sendo um dos fundadores da
Academia dos Rebeldes, grupo de jovens que, juntamente com
os do "Arco & Flecha" e do "Samba",
desempenhou importante papel na renovação das letras
baianas. Comandados por Pinheiro Viegas, figuraram na
Academia dos Rebeldes, além de Jorge Amado, os escritores
João Cordeiro, Dias da Costa, Alves Ribeiro, Edison
Carneiro, Sosígenes Costa, Válter da Silveira, Áidano do
Couto Ferraz e Clóvis Amorim.
Casado
com Zélia Gattai — autora de Anarquistas, graças a Deus
(1979), Um chapéu para viagem (1982), Senhora dona do baile
(1984), Jardim de inverno (1988), Pipistrelo das mil cores
(1989) e O segredo da Rua 18 (1991) — tem dois filhos: João
Jorge, sociólogo e autor de peças para teatro infantil, e
Paloma, psicóloga, casada com o arquiteto Pedro Costa. É
irmão do médico neuropediatra Joelson Amado e do escritor
James Amado.
Em
1945, foi eleito deputado federal pelo Estado de São Paulo,
tendo participado da Assembléia Constituinte de 1946 (pelo
Partido Comunista Brasileiro) e da primeira Câmara Federal
após o Estado Novo, sendo responsável por várias leis que
beneficiaram a cultura. Viajou pelo mundo todo. Viveu
exilado na Argentina e no Uruguai (1941-42), em Paris
(1948-50) e em Praga (1951-52).
Escritor
profissional, vive exclusivamente dos direitos autorais de
seus livros. Recebeu no estrangeiro os seguintes prêmios:
Prêmio Internacional Lênin (Moscou, 1951); Prêmio de
Latinidade (Paris, 1971); Prêmio do Instituto Ítalo-Latino-Americano
(Roma, 1976); Prêmio Risit d’Aur (Udine, Itália, 1984);
Prêmio Moinho, Itália (1984); Prêmio Dimitrof de
Literatura, Sofia — Bulgária (1986); Prêmio Pablo
Neruda, Associação de Escritores Soviéticos, Moscou
(1989); Prêmio Mundial Cino Del Duca da Fundação Simone e
Cino Del Duca (1990); e Prêmio Camões (1995).
No
Brasil: Prêmio Nacional de Romance do Instituto Nacional do
Livro (1959); Prêmio Graça Aranha (1959); Prêmio Paula
Brito (1959); Prêmio Jabuti (1959 e 1970); Prêmio Luísa
Cláudio de Sousa, do Pen Club do Brasil (1959); Prêmio
Carmen Dolores Barbosa (1959); Troféu Intelectual do Ano
(1970); Prêmio Fernando Chinaglia, Rio de Janeiro (1982);
Prêmio Nestlé de Literatura, São Paulo (1982); Prêmio
Brasília de Literatura — Conjunto de Obras (1982); Prêmio
Moinho Santista de Literatura (1984); prêmio BNB de
Literatura (1985).
Recebeu
também diversos títulos honoríficos, nacionais e
estrangeiros, entre os quais: Comendador da Ordem Andrés
Bello, Venezuela (1977); Commandeur de l’Ordre des Arts et
des Lettres, da França (1979); Commandeur de la Légion
d’Honneur (1984); Doutor Honoris Causa pela Universidade
Federal da Bahia (1980) e do Ceará (1981); Doutor Honoris
Causa pela Universidade Degli Studi de Bari, Itália (1980)
e pela Universidade de Lumière Lyon II, França (1987). Grão
Mestre da Ordem do Rio Branco (1985) e Comendador da Ordem
do Congresso Nacional, Brasília (1986).
Membro
correspondente da Academia de Ciências e Letras da República
Democrática da Alemanha; da Academia das Ciências de
Lisboa; da Academia Paulista de Letras; e membro especial da
Academia de Letras da Bahia. É Obá do Axê do Opó Afonjá,
na Bahia, onde vive, cercado de carinho e admiração de
todas as classes sociais e intelectuais.
Exerceu
atividades jornalísticas desde bem jovem quando ingressou
como repórter no Diário da Bahia (1927-29), época em que
também escrevia na revista literária baiana A Luva.
Depois, no Sul, atuou sempre na imprensa, tendo sido
redator-chefe da revista carioca Dom Casmurro (1939) e
colaborador, no exílio (1941-42), em periódicos portenhos
— La Crítica, Sud e outros. Retornando à pátria,
redigiu a seção "Hora da Guerra", no jornal O
Imparcial (1943-44), em Salvador, e, mudando-se para São
Paulo, dirigiu o diário Hoje (1945). Anos após,
participou, no Rio, da direção do semanário Para Todos
(1956-58).
Estreou
na literatura em 1930, com a publicação, por uma editora
do Rio, da novela Lenita, escrita em colaboração com Dias
da Costa e Édison Carneiro. Os seus livros, que ao longo de
36 anos (de 1941 a 1977) foram editados pela Livraria
Martins Editora, de São Paulo, integraram a coleção Obras
Ilustradas de Jorge Amado. Atualmente, as obras de Jorge
Amado são editadas pela Distribuidora Record, do Rio.
Publicados em 52 países, seus livros foram traduzidos para
48 idiomas e dialetos, a saber: albanês, alemão, árabe,
armênio, azerbaijano, búlgaro, catalão, chinês, coreano,
croata, dinamarquês, eslovaco, esloveno, espanhol,
esperanto, estoniano, finlandês, francês, galego,
georgiano, grego, guarani, hebreu, holandês, húngaro, iídiche,
inglês, islandês, italiano, japonês, letão, lituano,
macedônio, moldávio, mongol, norueguês, persa, polonês,
romeno, russo (também três em braile), sérvio, sueco,
tailandês, tcheco, turco, turcomano, ucraniano e
vietnamita.
Tem
livros adaptados para o cinema, o teatro, o rádio, a
televisão, bem como para histórias em quadrinhos, não só
no Brasil mas também em Portugal, na França, na Argentina,
na Suécia, na Alemanha, na Polônia, na Tcheco-Eslováquia,
na Itália e nos Estados Unidos. |