João
Cabral de Melo Neto nasceu na cidade do Recife, a 9 de
janeiro de 1920, filho de Luís Antônio Cabral de Melo e de
Carmen Carneiro Leão Cabral de Melo. Eleito membro da
Academia Brasileira de Letras em 15 de agosto de 1968, tomou
posse de sua cadeira em 6 de maio de 1969.
Parte
da infância de João Cabral foi vivida em engenhos da família
nos municípios de São Lourenço da Mata e de Moreno. Aos
dez anos, com a família de regresso ao Recife, ingressou João
Cabral no Colégio de Ponte d’Uchoa, dos Irmãos Maristas,
onde permanece até concluir o curso secundário. Em 1938
freqüentou o Café Lafayette, ponto de encontro de
intelectuais que residiam no Recife.
Dois
anos depois a família transferiu-se para o Rio de Janeiro,
mas a mudança definitiva só foi realizada em fins de 1942,
ano em que publicara o seu primeiro livro de poemas -
"Pedra do Sono".
No
Rio, depois de ter sido funcionário do DASP inscreveu-se,
em 1945, no concurso para a carreira de diplomata. Daí por
diante, já enquadrado no Itamarati, inicia uma larga
peregrinação por diversos países, incluindo, até mesmo,
a República africana do Senegal. Em 1984 é designado para
o posto de cônsul-geral na cidade do Porto (Portugal). Em
1987 volta a residir no Rio de Janeiro.
A
atividade literária acompanhou-o durante todos esses anos
no exterior e no Brasil, o que lhe valeu ser contemplado com
numerosos prêmios, entre os quais - Prêmio José de
Anchieta, de poesia, do IV Centenário de São Paulo (1954);
Prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras
(1955); Prêmio de Poesia do Instituto Nacional do Livro; Prêmio
Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro; Prêmio Bienal Nestlé,
pelo conjunto da Obra e Prêmio da União Brasileira de
Escritores, pelo livro "Crime na Calle Relator"
(1988).
Em
1990 João Cabral de Melo Neto é aposentado no posto de
Embaixador. A Editora Nova Aguilar, do Rio de Janeiro,
publica, no ano de 1994, sua "Obra completa".
A
um importante trabalho de pesquisa histórico-documental,
editado pelo Ministério das Relações Exteriores, deu João
Cabral o título de "O Brasil no arquivo das Índias de
Sevilha". Com as comemorações programadas neste final
do século, relacionadas com os feitos dos navegadores
espanhóis e portugueses nos anos que antecederam ou se
seguiram ao descobrimento da América, e, em particular ao
do Brasil, a pesquisa de João Cabral assume valor inestimável
para os historiadores dos feitos marítimos, praticados
naquela época.
Da
obra poética de João Cabral podemos mencionar, ao acaso,
pela sua variedade, os seguintes títulos: "Pedro do
sono", 1942; "O engenheiro", 1945; "O cão
sem plumas", 1950; "O rio", 1954; "Quaderna",
1960; "Poemas escolhidos", 1963; "A educação
pela pedra", 1966; "Morte e vida severina e outros
poemas em voz alta", 1966; "Museu de tudo",
1975; "A escola das facas", 1980;
"Agreste", 1985; "Auto do frade", 1986;
"Crime na Calle Relator", 1987; "Sevilla
andando", 1989.
Em
prosa, além do livro de pesquisa histórica já citado, João
Cabral publicou "Juan Miró", 1952 e
"Considerações sobre o poeta dormindo", 1941.
Os "Cadernos de Literatura Brasileira", notável
publicação editada pelo Instituto Moreira Salles - dedicou
seu Número I - março de 1996, ao poeta pernambucano João
Cabral de Melo Neto, com selecionada colaboração de
escritores brasileiros, portugueses e espanhóis e abundante
material iconográfico.Faleceu no dia 09 de outubro de 1999,
no Rio de Janeiro, aos 79 anos.
Discurso
proferido por Arnaldo Niskier, no "Salão dos Poetas
Românticos" na Academia Brasileira de Letras, onde foi
velado o corpo de João Cabral de Melo Neto. |