João
Guimarães Rosa, contista, novelista, romancista e
diplomata, nasceu em Cordisburgo, MG, em 27 de junho de
1908, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 19 de novembro de
1967. Sucedeu a João Neves da Fontoura na Cadeira n. 2,
para a qual foi eleito em 6 de agosto de 1963 e recebido em
16 de novembro de 1967, pelo acadêmico Afonso Arinos de
Melo Franco.
Foram
seus pais Florduardo Pinto Rosa e Francisca Guimarães Rosa.
Aos 10 anos passou a residir e estudar em Belo Horizonte Em
1930, formou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade
de Minas Gerais. Tornou-se capitão médico, por concurso,
da Força Pública do Estado de Minas Gerais. Sua estréia
literária deu-se, em 1929, com a publicação, na revista O
Cruzeiro, do conto "O mistério de Highmore Hall",
que não faz parte de nenhum de seus livros. Em 36, a coletânea
de versos Magma, obra inédita, recebe o Prêmio Academia
Brasileira de Letras, com elogios do poeta Guilherme de
Almeida.
Diplomata
por concurso que realizara em 1934, foi cônsul em Hamburgo
(1938-42); secretário de embaixada em Bogotá (1942-44);
chefe de gabinete do ministro João Neves da Fontoura
(1946); primeiro-secretário e conselheiro de embaixada em
Paris (1948-51); secretário da Delegação do Brasil à
Conferência da Paz, em Paris (1948); representante do
Brasil na Sessão Extraordinária da Conferência da Unesco,
em Paris (1948); delegado do Brasil à IV Sessão da Conferência
Geral da Unesco, em Paris (1949). Em 1951, voltou ao Brasil,
sendo nomeado novamente chefe de gabinete do ministro João
Neves da Fontoura; depois chefe da Divisão de Orçamento
(1953) e promovido a ministro de primeira classe. Em 1962,
assumiu a chefia do Serviço de Demarcação de Fronteiras.
A
publicação do livro de contos Sagarana, em 1946,
garantiu-lhe um privilegiado lugar de destaque no panorama
da literatura brasileira, pela linguagem inovadora, pela
singular estrutura narrativa e a riqueza de simbologia dos
seus contos. Com ele, o regionalismo estava novamente em
pauta, mas com um novo significado e assumindo a característica
de experiência estética universal.
Em
1952, Guimarães Rosa fez uma longa excursão a Mato Grosso
e escreveu o conto "Com o vaqueiro Mariano", que
integra, hoje, o livro póstumo Estas estórias (1969), sob
o título "Entremeio: Com o vaqueiro Mariano". A
importância capital dessa excursão foi colocar o Autor em
contato com os cenários, os personagens e as histórias que
ele iria recriar em Grande sertão: Veredas. É o único
romance escrito por Guimarães Rosa e um dos mais
importantes textos da literatura brasileira. Publicado em
1956, mesmo ano da publicação do ciclo novelesco Corpo de
baile, Grande sertão: Veredas já foi traduzido para muitas
línguas. Por ser uma narrativa onde a experiência de vida
e a experiência de texto se fundem numa obra fascinante,
sua leitura e interpretação constituem um constante
desafio para os leitores.
Nessas
duas obras, e nas subseqüentes, Guimarães Rosa fez uso do
material de origem regional para uma interpretação mítica
da realidade, através de símbolos e mitos de validade
universal, a experiência humana meditada e recriada
mediante uma revolução formal e estilística. Nessa tarefa
de experimentação e recriação da linguagem, usou de
todos os recursos, desde a invenção de vocábulos, por vários
processos, até arcaísmos e palavras populares, invenções
semânticas e sintáticas, de tudo resultando uma linguagem
que não se acomoda à realidade, mas que se torna um
instrumento de captação da mesma, ou de sua recriação,
segundo as necessidades do "mundo" do escritor.
Além
do prêmio da Academia Brasileira de Letras conferido a
Magma, Guimarães Rosa recebeu o Prêmio Filipe d’Oliveira
pelo livro Sagarana (1946); Grande sertão: Veredas recebeu
o Prêmio Machado de Assis, do Instituto Nacional do Livro,
o Prêmio Carmen Dolores Barbosa (1956) e o Prêmio Paula
Brito (1957); Primeiras estórias recebeu o Prêmio do PEN
Clube do Brasil (1963). |