Érico
Veríssimo nasceu em Cruz Alta, Rio Grande do Sul, em 17 de
dezembro de 1905. Não completou os estudos secundários; a
necessidade de trabalho levou-o a se tornar bancário e,
mais tarde, sócio de uma farmácia, que faliu.
Em
1930 transferiu-se para Porto Alegre e começou a trabalhar
como secretário na Revista do Globo. Já casado, em 1932
publicou sua primeira obra: "Fantoches" - contos,
em sua maioria na forma de pequenas peças de teatro.
No
ano seguinte, seu primeiro sucesso: o romance Clarissa. Em
1941 viajou para os Estados Unidos. Em 1943, voltou para uma
permanência de dois anos: ia ensinar Literatura Brasileira.
Dez anos depois retornou àquele país como diretor do
Departamento de Assuntos Culturais da União Pan-Americana.
Dessas viagens e permanências nos Estados Unidos resultaram
dois livros: Gato preto em campo de neve e A volta do gato
preto. Quando faleceu, em 1975, em Porto Alegre, Érico Veríssimo
era um dos escritores mais populares do país.
Uma
esquematização didática de sua obra permite organizar o
seguinte quadro:
a)
romance urbano
O
assunto dessas obras é o cotidiano da cidade grande, com
seus conflitos de valores morais, sociais, espirituais.
Flagrando no ambiente urbano uma sociedade em crise, o autor
analisa-a e insinua uma solução: a solidariedade.
Enquadram-se nessa categoria: Clarissa, Olhai os lírios do
campo, O resto é silêncio e Caminhos cruzados.
b)
romance histórico
Nessa
categoria está a obra-prima de Érico Veríssimo: a
trilogia O Tempo e o Vento, que saiu entre os anos de 1949 e
1961, em três romances: I. O continente (1949); II. O
retrato (1951); III. O arquipélago (1961). O painel histórico
montado pelo escritor abrange a formação social, econômica
e política do Rio Grande do Sul, no período compreendido
entre 1745 e 1945. Fatos importantes de nossa história
aparecem incorporados na obra: a Coluna Prestes, a Revolução
de 32, o levante comunista de 1935... Tudo isso tendo como
eixo narrativo à disputa pelo poder, envolvendo as famílias
Amaral e Terra Cambará. Dessa trilogia, destacam-se como
personagens Ana Terra e Rodrigo Cambará. É uma obra épica,
a saga do Rio Grande do Sul.
c)
romance político
São
obras que se atêm à política nacional Incidente em
Antares (1971), ou internacional O senhor embaixador (1965),
que trata de uma revolução numa república fictícia da América
Central. O prisioneiro (1967) tem como cenário o Sudeste
asiático.
Em
Incidente em Antares o escritor explora o absurdo e o fantástico,
tendo como pano de fundo a história mais recente do país.
Após descrever a origem de Antares (o próprio Brasil),
ocorre o incidente: na imaginária cidade, em dezembro de
1963, faz-se uma greve de coveiros; em represália, os cadáveres
insepultos resolvem ressuscitar e denunciar a corrupção
que se alastrava entre os moradores da cidade. É uma espécie
de fábula da situação que vivia o país, uma sátira
antiburguesa, misturando o ficcional absurdo com figuras
reais de nossa política.
Quanto
ao estilo de Érico Veríssimo, a crítica aponta como sua
característica fundamental a clareza, a transparência e a
correção. Empregando com muita economia os regionalismos
lingüísticos de seu estado, o escritor assume um
comportamento diferente daquele dos regionalistas do
Nordeste. Dessa forma, seu regionalismo estará antes nos
assuntos que na linguagem. |