José
Maria da Silva Paranhos Júnior, professor, político,
jornalista, diplomata, historiador, biógrafo, nasceu no Rio
de Janeiro, RJ, em 20 de abril de 1845, e faleceu na mesma
cidade, em 10 de fevereiro de 1912. Eleito em 1o de outubro
de 1898 para a Cadeira n. 34, na sucessão de Pereira da
Silva, foi considerado empossado por meio de carta, em 10 de
novembro de 1898.
Era
filho de José Maria da Silva Paranhos, o Visconde do Rio
Branco, figura ímpar de estadista, que elevou tão alto o
nome do Brasil no seu tempo. Cursou o Colégio Pedro II, a
Faculdade de Direito de São Paulo, depois a de Recife.
Bacharel em 1866, viajou pela Europa e, na volta, regeu a
cadeira de Corografia e História do Brasil no Imperial Colégio.
Em 1869, foi nomeado promotor público de Nova Friburgo. No
mesmo ano acompanhou, como secretário da Missão Especial,
o Visconde do Rio Branco ao Rio da Prata e ao Paraguai. No
mesmo caráter se manteve, em 1870 e 1871, nas negociações
da paz entre os Aliados e o Paraguai.
Regressando
ao Rio, dedicou-se ao jornalismo. Foi dirigir A Nação,
juntamente com Gusmão Lobo. Em maio de 1876, Rio Branco
deixava o jornalismo, para aceitar o cargo de cônsul geral
do Brasil em Liverpool. Em 1884, recebeu a comissão de
delegado à Exposição Internacional de São Petersburgo e,
depois de proclamada a República, foi nomeado, em 1891, em
substituição do conselheiro Antonio Prado, superintendente
geral na Europa da emigração para o Brasil, cargo que
exerceu até 1893.
Durante
a estadia na Europa, produziu várias obras, sempre em torno
da história pátria: redigiu uma Memória sobre o Brasil
para a Exposição de São Petersburgo; para o Le Brésil de
Sant’Anna Nery, escreveu a Esquisse de l’Histoire du Brésil;
apresentou contribuições para a Grande Encyclopédie de
Levasseur, na parte relativa ao Brasil; iniciou no Jornal do
Brasil a publicação das Efemérides brasileiras, acumulou
material para as Anotações à História da Guerra da Tríplice
Aliança de Schneider e a Biografia do Visconde do Rio
Branco.
Em
1893, Floriano Peixoto escolheu Rio Branco para substituir o
Barão Aguiar de Andrade, falecido no desempenho da missão
encarregada de defender os direitos do Brasil ao territórios
das Missões. A questão, nos últimos dias do Império,
fora submetida ao arbitramento do presidente Cleveland, dos
EUA, como resultado do tratado de 7 de setembro de 1889,
concluído com a República Argentina. Rio Branco,
encarregado de advogar os pontos de vista brasileiros,
apresentou ao presidente Cleveland uma exposição,
acompanhada de valiosa documentação, reunida em seis
volumes A questão de limites entre o Brasil e a República
Argentina obra que em muito contribuiu para o laudo arbitral
de 5 de fevereiro de 1895, inteiramente favorável às
pretensões brasileiras.
Em
1898, foi encarregado de resolver outro importante assunto
diplomático a questão do Amapá. O Tratado de 10 de abril
de 1897 escolheu para árbitro da questão o presidente da
Suiça. Rio Branco vinha estudando a questão do Amapá
desde 1895. Ao chegar a Berna, apresentou uma memória de
sete volumes. A sentença arbitral, de 1o de dezembro de
1900, foi favorável ao Brasil, e o nome de Rio Branco foi
colocado em plano de superioridade em relação a qualquer
outro político ou estadista brasileiro da época.
Em
31 de dezembro de 1900 foi nomeado ministro plenipotenciário
em Berlim. Em 1902 foi convidado pelo presidente Rodrigues
Alves a assumir a pasta das Relações Exteriores, na qual
permaneceu até a morte, em 1912. Logo no início de sua
gestão, defrontou-se com a questão do Acre, território
fronteiriço que a Bolívia pretendia ocupar, solucionando-a
pelo Tratado de Petrópolis. A seguir, encetou negociações
com outros países limítrofes cujas fronteiras com o Brasil
suscitavam questões litigiosas. Erigiu como bandeira das
reivindicações o princípio do uti possidetis solis, e foi
com ele que dirimiu velhas disputas do Brasil com quase
todos os países da América do Sul.
Em
1901, a questão da Guiana Inglesa foi resolvida, por laudo
do árbitro Victor Emanuel, o rei da Itália, contra o
Brasil, apesar dos esforços e do valor intelectual do
plenipotenciário brasileiro Joaquim Nabuco. Rio Branco
soube conhecer os motivos do laudo que despojava o Brasil de
uma parte do seu território. E deu a Joaquim Nabuco a
compensação de nomeá-lo embaixador do Brasil em
Washington.
Veio,
depois, uma série de tratados memoráveis: em 1904, com o
Equador; em 1906, com a Guiana Holandesa; em 1907, com a Colômbia;
em 1904 e 1909, com o Peru; em 1910, com a Argentina.
Ficavam definidos, de um modo geral, os contornos do território
brasileiro, assim como, com pequenas alterações, ainda
hoje subsistem.
Além
da solução dos problemas de fronteira, Rio Branco lançou
as bases de uma nova política internacional, adaptada às
necessidades do Brasil moderno. Foi, nesse sentido, um
devotado pan-americanista, preparando o terreno para uma
aproximação mais estreita com as repúblicas
hispano-americanas e acentuando a tradição de amizade e
cooperação com os Estados Unidos.
Ao
se fundar a Academia, em 1897, Rio Branco se encontrava
ausente do país. Talvez por essa razão não foi ele um dos
fundadores da casa. Seu nome esteve, entretanto, desde logo
lembrado para uma das vagas que ocorressem. Em 1898, ocorria
o falecimento de Pereira da Silva. Rio Branco foi eleito
para essa vaga. Foi o segundo acadêmico eleito (o primeiro
foi João Ribeiro), mas não chegou a tomar posse. |