Afrânio
Coutinho, professor, crítico literário e ensaísta, nasceu
em Salvador, BA, em 15 de março de 1911. Eleito em 17 de
abril de 1962 para a Cadeira n. 33, na sucessão de Luís
Edmundo, foi recebido em 20 de julho de 1962, pelo acadêmico
Levi Carneiro.
Filho
do engenheiro Eurico da Costa Coutinho e de Adalgisa
Pinheiro dos Santos Coutinho. Fez o curso primário em
escola pública, o secundário no Ginásio N. S. da Vitória,
dos Irmãos Maristas, e os preparatórios no Colégio da
Bahia. Diplomou-se em Medicina, em 1931, mas não seguiu a
carreira médica, entregando-se ao ensino de Literatura e
História no curso secundário, sendo chamado, em 1941, a
compor o corpo docente da Faculdade de Filosofia da Bahia.
Casou-se, em 1935, com Vanda Sena de Faria, com quem teve
dois filhos: Eduardo de Faria Coutinho, professor catedrático
de Literatura Comparada na Faculdade de Letras da UFRJ, e
Maria da Graça Coutinho de Góes, escultora.
Em
1942, foi para os Estados Unidos, convidado para exercer o
cargo de redator-secretário da revista Seleções do Reader’s
Digest, em Nova York, permanecendo no posto por cinco anos.
Durante esse tempo, freqüentou cursos na Universidade de
Columbia e em outras universidades norte-americanas, aperfeiçoando-se
em crítica, história literária e Barroco, com mestres
europeus e americanos. Em 1947, de regresso ao Brasil,
fixou-se no Rio de Janeiro. Foi nomeado catedrático
interino do Colégio Pedro II, na cadeira de Literatura.
Efetivou-se na cadeira por concurso, em 1951, com tese sobre
o Barroco, de grande repercussão. Também naquele ano
fundou, e regeu desde então, na Faculdade de Filosofia do
Instituto Lafayette, a cadeira de Teoria e Técnica Literária,
primeira iniciativa do gênero no Brasil.
Em
1948, inaugurou, no Suplemento Literário do Diário de Notícias,
a seção "Correntes Cruzadas", que manteve até
1961, debatendo problemas de crítica e teoria literária,
educação e ensino. Desde então, tem colaborado na
imprensa e em revistas literárias, do país e do
estrangeiro. Dirigiu a revista Coletânea (1951-1960).
Divulgou os critérios de análise estético-literária
formulados pelo New Criticism norte-americano.
Em
1952, foi encarregado pelo prof. Leonídio Ribeiro, diretor
do Instituto Larragoiti, de planejar e dirigir a publicação
de uma história literária, A literatura no Brasil, com a
colaboração de uma equipe de especialistas. A obra foi
publicada, em quatro volumes, de 1955 a 1959, sendo ampliada
para seis volumes na edição de 1968-71, revista e
atualizada em 1986.
Em
1958, fez concurso para livre docente da cadeira de
Literatura Brasileira na Faculdade Nacional de Filosofia da
Universidade do Brasil, hoje UFRJ, conquistando o título de
Doutor em Letras Clássicas e Vernáculas. Em 1963, após a
aposentadoria de Alceu Amoroso Lima, foi nomeado professor
catedrático interino de Literatura Brasileira. Em 1965, após
concurso, foi nomeado catedrático efetivo. Designado, a
seguir, para separar o ensino de letras da Faculdade de
Filosofia, criou a Faculdade de Letras da UFRJ, que instalou
e organizou pedagogicamente. Em 1968, foi nomeado Diretor da
Faculdade de Letras UFRJ, permanecendo no cargo até
aposentar-se, em 1980. A ele é devida a criação da
Biblioteca da Faculdade de Letras, reconhecida como a melhor
do gênero no Rio de Janeiro, bem como lhe é devido o alto
nível dos cursos de pós-graduação na área de Letras,
dos quais foi coordenador.
Nas
décadas de 1960 e 1970, realizou inúmeras viagens para o
exterior, como professor visitante em universidades dos
Estados Unidos, da Alemanha e da França, também com o
intuito de ampliar os estudos brasileiros nas universidades
visitadas.
Durante
os seus anos de pesquisa, magistério e militância literária,
construiu uma vasta biblioteca particular, que se tornou a
base para a criação, em 1979, da Oficina Literária Afrânio
Coutinho (OLAC), destinada a promover estudos na área da
literatura, ministrar cursos e conferências, e receber
escritores nacionais e estrangeiros. Coordenou a elaboração
da Enciclopédia de Literatura Brasileira, publicada em
1990.
Por
sua atividade literária, recebeu a Medalha Anchieta, da
Secretaria da Educação do Rio de Janeiro (1954); o Prêmio
Paula Brito (1956); o Prêmio Nacional do Livro (ensaio),
por sua obra A tradição afortunada; o Prêmio Golfinho de
Ouro (1980).
É
membro do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, da
Academia de Letras da Bahia, da Sociedade de Estética dos
Estados Unidos, da União Brasileira de Editores e da
Academia Brasileira de Educação. Doutor Honoris Causa pela
Universidade Federal da Bahia e Professor Emérito da
Universidade Federal do Rio de Janeiro. |