Adelino
da Fontoura Chaves, ator, jornalista e poeta, nasceu na
povoação, hoje cidade, de Axixá, à margem esquerda do
rio Mearim, no Maranhão, em 30 de março de 1859, e faleceu
em Lisboa, Portugal, em 2 de maio de 1884. É o patrono da
Cadeira n. 1, por escolha de Luís Murat.
Foram
seus pais Antônio Fontoura Chaves e d. Francisca Dias
Fontoura. Aos dez anos, concluído o primário, começou a
trabalhar no comércio. Durante dois anos manteve contato
com Artur Azevedo, quatro anos mais velho, que também
trabalhava em armazém. Teriam os dois começado, então, os
seus sonhos de homens de letras incipientes. Artur foi para
o Rio de Janeiro e Adelino alistou-se no Exército, em
Pernambuco, e lá passou a colaborar no periódico satírico
Os Xênios. Em 1876 esteve no Maranhão, participando de
representações teatrais, como o ator Fontoura. Após uma
experiência que lhe custou a prisão, em virtude de um
papel que representou no teatro, deliberou mudar-se para o
Rio de Janeiro e ali procurou o amigo Artur de Azevedo.
Queria ser jornalista e entrar para o teatro. Nada
conseguindo em teatro, foi admitido na Folha Nova, de Manuel
Carneiro. Depois Lopes Trovão deu-lhe um lugar no recém-fundado
jornal O Combate, onde publicou muitos de seus poemas.
Em
1880, Artur Azevedo o chamou para ser seu companheiro no
jornal A Gazetinha. Pouco antes, fundara-se a Gazeta da
Tarde, de Ferreira de Menezes. Adelino ali publicou
numerosos trabalhos de prosa. Informa Múcio Leão que A
Gazeta da Tarde "foi um dos jornais mais azarentos que
tem havido o mundo." Começou esplendidamente, e tinha
como seus diretores e principais redatores Ferreira de
Menezes, Augusto Ribeiro, Hugo Leal, João de Almeida e
Adelino Fontoura. Três anos depois, nenhum desses rapazes
existia mais.
Adelino
Fontoura viveu nessa fase de sua vida uma paixão não
correspondida. Sentindo-se doente, decidiu ir para a Europa.
Em 1o de maio de 1883 partiu, no navio Gironde, para Paris,
como representante da Gazeta da Tarde, que então havia sido
comprada por José do Patrocínio. Lá esperava encontrar
melhoras para a saúde, mas deparou-se com insuportável
inverno. Viajou para Lisboa, para onde seguiu José do
Patrocínio, na esperança de convencê-lo a embarcar de
volta para o Brasil. Seu estado de saúde era crítico, por
isso foi internado no Real Hospital São José, onde veio a
falecer aos 25 anos de idade, justamente quando poderia
produzir toda uma obra poética de mérito literário.
Ao
fundar-se a Academia, em 1897, seu amigo Luís Murat
escolheu-o como patrono da cadeira por ele criada. É o único
caso de um patrono na Academia que não tinha livro
publicado. Em vida, ou não atribuíra muita importância a
seus trabalhos para reuni-los em livro, ou confiara em não
morrer tão cedo. Após a morte, várias tentativas foram
feitas para reunir a obra dispersa do poeta. A Revista da
Academia (n. 93 e n. 117) publicou-lhe quase todas as
poesias conhecidas.
No
suplemento Autores e Livros, em 17 de outubro de 1943 (vol.
5o, n. 13), Múcio Leão apresentou em conjunto a obra do
malogrado escritor. Conseguiu reunir perto de quarenta
poesias, às quais juntou alguns trabalhos de prosa. Em
1955, saiu o volume Dispersos, de Adelino Fontoura, na série
Inédita da Coleção Afrânio Peixoto, com informação de
Múcio Leão sobre a vida e a obra esparsa do poeta. |